Paulo Roberto!

Meu caro, liguei o carro hoje, e fiquei pensativo ao volante, pensava em momentos a muitos perdidos da minha lembrança, resolvi ir para um lugar que em outrora eu muito gostava, e agora eu não tinha mais certeza se acertaria o caminho.

Cheguei nesse lugar, uma montanha alta, com uma planície gramada e uns carros velhos abandonados, desde sempre, interessante como não mudou muito, claro que agora haviam algumas casas ao redor, antes ali não havia habitação.

Ao sair do carro, ativei o alarme, agora talvez ali pudesse ser um lugar perigoso, somos vítimas constantes nesse mundo, e temos que nos conformar, uns dizem que é ter cuidado, bom, eu queria não ter que concordar, que no meu exercício de liberdade eu necessitasse ter cuidado, determinados tipos de cuidado, mas... Isso não é questionável!

Nessa montanha, eu costumava subir, à noite, deitava bem no fim da planície gramada, dava pra ver toda a cidade iluminada, as casas, as pessoas... E eu pensava comigo: "Será que algum deles consegue imaginar que tem alguém por aqui, olhando pra eles, e imaginando o que estarão fazendo agora?". Claro que sempre pensei que eles eram mais previsíveis que eu, afinal, sempre eram por volta de 3 horas da madrugada, provavelmente todos dormiam ou transavam ou assistiam seus filmes ou programas de televisão favoritos, ou esperavam o sono, ou estavam em bares, e aposto que bem poucos estariam sozinhos numa montanha...

Mas era um refúgio pra minhas noites de insônia e intolerância, se não fosse pela intolerância eu poderia muito bem ir pra casa de um amigo, mas, a intolerância me tornava um chato nessas horas, então, meia garrafa de whisky, e um pouco de tédio, mais a visão linda, e estrelas no céu, me faziam refletir a vida inteira, e como as coisas eram simples naquela época, não ter que se preocupar com os horários, com trabalho, com as compras...

Estando lá, pensei e cheguei a conclusão que de todas as coisas que possuo hoje, como compromissos, as únicas que me dão prazer, são minha esposa e meus filhos.

Se eu pudesse optar por só ter isso, eu compraria um ônibus e moraria cada dia em uma cidade costeira diferente, ora campo, só pra diversificar, e passaria o resto da vida desta forma, mas... Meus filhos tem o direito de decidir como querem viver. Engraçado como estar neste lugar me fez refletir ainda.
Deitei na grama, no mesmo lugar de sempre, e me lembrei de meus pais, eles sempre quiseram decidir meus caminhos, não os culpo, mas acredito que esse era o erro deles, deviam me ensinar a escolher um, ao invés de escolher um pra mim!

Não quero que meus filhos me culpem da mesma falha.
De verdade eu espero que meus pequenos cometam os erros bobos que cometi, e em alguns, espero que eles aprendam suas respectivas lições em menos tempo do que eu. Isso os tornará mais fortes do que se eu os impedir de cair.

O mais interessante de tudo, foi que indo pra este lugar, conheci a mãe deles, a muito tempo, uma ruiva louca, que me viu com uma garrafa na mão, e decidiu se juntar a mim, numa noite nublada e fria, ela me parou pra saber onde eu ia. Hoje se isso acontece eu temeria um assalto, ou dispensaria uma suposta prostituta, mas naquela época, eu conheci o amor da minha vida enquanto rumava pra este mesmo lugar. Subimos juntos, compartilhando o álcool, e morrendo de rir, deitamos ali mesmo, ela não conhecia o lugar mas adorou, fazia bem o tipo dela, nos beijamos naquela noite, e ali mesmo fizemos amor, de uma maneira inesquecível, a chuva caiu sobre nossos corpos expostos ao céu, ao mundo, e foi mágico... Nos encontramos muitas outras vezes naquele mesmo lugar, vi o corpo nu dela, abaixo das estrelas, iluminado pela lua, e sobre o meu corpo nu deitado na grama, e nada parecia mais importante que aqueles momentos.

Ali, bem onde tudo começou, deu saudades dela, procurei o celular e enviei uma mensagem, a seguinte: "Amor, estou no lugar onde eu recebi o melhor dos presentes da minha vida, VOCÊ. Caso não entenda, te trago aqui depois. Beijos, TE AMO!".


Soltei um riso solitário: "Estou louco". Eu pensei, nisso o celular acusou nova mensagem, era ela, dizia assim: "Amor o que faz nesse lugar? Toma cuidado, ai pode ser perigoso, saudades de você, TE AMO!". Mais risos, pensei: "Bem típico dela hoje em dia".

Realmente eu precisava ir. Mas sabe, é bom lembrar de boas coisas, conferir o seu passado, e aproveitar coisas boas, de novo, esse lugar sempre fará parte da minha vida, esse lugar é onde encontro paz, todos tem algum lugar assim, e porventura o esquecem, o de alguns esta as vezes até mais perto, as vezes dentro de si mesmo. Se não deixássemos pequenos prazeres pra trás, talvez a vida conseguisse ser mais bela individualmente, se tornando assim, mais bela, pra todos, pois se eu faço parte da sua realidade, as minhas ações podem influenciar na sua vida, se estou bem, te trarei boas influências, posso te ajudar, se todos estão bem consigo mesmos, todos ajudarão de certa forma.

(A vida realmente, é uma projeção do que se passa dentro de você mesmo.)

Acho que você devia pensar bem, talvez, só precise olhar pra baixo, e notar, que existiam coisas, que te faziam feliz, e essas coisas não mudaram, foi você quem possivelmente deixou de considerá-las!

Abraços meu caro, até...
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5 Responses
  1. Luanda Melo Says:

    Caracas....muito lindo...em verdade te digo que pra cada um, há um lugar assim..como vc disse mesmo que seja dentro de ti. Fez-me lembrar da minha infância...Eu subia num pé de biribá...lá eu era intocável. rs...

    Parabéns...me benefiociei com uma ótima leitura.

    Tenha uma tarde abençoada

    COm carinho, Lú.


  2. nossa adoreiiiii
    Parabéns pelo blog
    venha me visitar tbm
    bjuuu


  3. AMOR & PAZ Says:

    OLÁ...
    Parabéns!!! Seu blog está lindooooo!!!!!
    Quando tiver oportunidade venha conhecer meu cantinho tb (http://fernandazuchhi.blogspot.com)!!!
    pois já seguirei o teu ....
    Tenha uma linda e Abençoada quinta-feira
    Bjs
    Fernanda


  4. Juliana Lira Says:

    Vc sabe que sou uma romantica incurável e incorrigível...
    Então adorei a parte do encontro:

    "...chuva caiu sobre nossos corpos expostos ao céu, ao mundo, e foi mágico... Nos encontramos muitas outras vezes naquele mesmo lugar, vi o corpo nu dela, abaixo das estrelas, iluminado pela lua, e sobre o meu corpo nu deitado na grama, e nada parecia mais importante que aqueles momentos."

    Linda essa parte!

    Milhões de beijos


  5. Paulo, lindo texto...

    Uma história de amor que nos faz refletir: sobe o passado, sobre as nossas atitutes, sobre entrega...

    Quando viajamos no tempo, encontramos lá atrás um mundo sem perigo, cheio de romantismo, onde não há desconfiança e nos entregamos ao momento... e até temos a felicidade de conhecer alguém que passa a fazer parte da nossa vida...

    Então eu penso "será que antes não havia perigo, ou somos nós que passamos a ter medo?"

    O medo está dentro de nós, pensamos mais, criticamos mais, tememos mais e temos o coração duro.

    Se o tempo das nossas atitutes voltasse, abriríamos um sorriso para o desconhecido e sentaríamos nessa grama para conversar sobre nada, olharíamos estrelas e desvendaríamos os mistérios da voz, do olhar e da dança do corpo, faríamos um brinde ao desconhecido, ao amanhã não planejado e não teríamos medo de ser feliz...

    Um dia eu já fui assim, mas faz tanto tempo que nem me lembro mais, tornei-me prisioneira da sociedade, da falta de tempo, de mim mesma...

    Ah... Obrigada por nos levar a refletir sobre tudo isso, é como uma terapia, a gente acaba acreditando que ainda há tempo para mudar... ou quem sabe até voltar a ser como antes...

    Beijos
    Chris Amag


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Espero que tenham gostado...

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