Quando é que passei a ter necessidade de você?
Seus cabelos sempre ondulados,
do mais belo e puro negro que existe,
a simplicidade formosa dos seus gestos...
Que delícia era te ouvir falar dos assuntos teus,
mesmos aqueles sérios de meia hora antes da complicada prova de biologia!
Seu sorrisinho expressivo, singelo sim... Porém falava tanto,
era quase preciso mandar que ficasse quieto teu sorriso,
para preservar seu ar sutil de mistério!
Até onde eu podia ir naqueles dias? Eu acreditava que sabia de você.
Qualquer coisa sobre seu olhar perdido naquelas contas matemáticas,
ou num ponto fixo, com pensamentos viajando por ai...
Era doce sua voz,
gostosa, suave, às vezes até irritante... Me divertia!
Seus gestos brutos de quando gargalhava,
era raro mas demonstrava uma felicidade tão grande em ser você!
Quando andando calmamente parava olhando pra noite, o céu,
e cortava o vento com as mãos, fechava os olhos...
Me lembro de quando me mandou sentir o vento,
e parou de ventar naquele momento,
creio que a brisa sentiu ciumes de ser compartilhada,
ela era e queria ser só sua nesses instantes...
E eu...
Eu que olhava seu ir e vir,
seu falar e calar,
seu sorrir e dormir,
até então sem conhecer seu chorar!
Te vi tão pálida,
tão crua,
despida de sua alegria e simplicidade...
Maquiada, ao lado de não sei quem...
Com um hematoma no rosto, e um sorriso forjado...
Um não sei quem, que é rico,
comprou de seus pais um tesouro,
um tesouro que vi perder o brilho,
pouco-a-pouco eu vi morrer!
Todos os dias agora,
um vento frio adentra meu quarto,
e triste, solitário,
pergunta por você.