Eu queria entender isso que sinto quando você me toca, não é só aquele arrepio natural que a química explica, é algo mais, algo muito mais intenso, não é só aquele desejo de me despir e me entregar, é um desejo repentino de morrer naquele instante, para levar comigo aquela sensação pela eternidade e não se assuste com essa expressão, é o que acho, ironicamente, que só à morte eterniza as coisas, para toda boa lembrança, existe o alzheimer e para toda fotografia, existe a traça e os danos que o tempo causa.
No entanto, pra esse desejo que sinto, só existe teu colo, teu calor, é engraçado, não desaparece, nem quando provo outro sabor e por favor não faça essa cara, eu nunca prometi ser só sua.
Mas meu peito, esse dispara quando te vê pela rua e não é teu porte viril, convenhamos que você não é exatamente um atleta, lhe sobram alguns quilinhos, também não esta na melhor idade, és muito moço ainda, não que eu me importe, na verdade, eu não tenho escolha, perto de você é impossível que eu me comporte, sinto aquele frio na espinha, me umedece o íntimo, um calor percorre a minha pele e cenas, cenas suadas me vem à mente.
Claro que isso tudo seria bem normal, se não ocorresse até quando não quero nada, até quando estou longe, até quando na rotina do trabalho, no vazio da madrugada... Até quando me recuso a aceitar que ando pensando só em você.
Sinceramente, eu não sei explicar, tenho medo de entender esse desejo que sinto por você.
Um dia desses me peguei pensando em casamento, nada contra, mas sempre tive pesadelos com esse momento.
No entanto não se espante, se apesar de tudo, um eu tão errante como o meu...
Se ver preso ao laço forte desse amor que não busquei, nem por um instante, por descrença, mas simplesmente, aconteceu.