Ela disfarça o sorriso usual, timidez aparente, brilho labial e cor natural nas maçãs, os olhos desobedientes, perseguem-no, ela reluta, inutilmente, ele percebe...
Ah! O coração, ferramenta biológica fantástica, trabalhador incansável, que neste momento quase para. Estrelas nascem nos olhos dela. - Eu poderia dizer que havia apenas um brilho em seu olhar, mas seria eufemismo, aquilo estava mais para estrelas mesmo.
No meio de tudo isso, gente desatenta que nem percebia o clima, o medo, o frio na espinha, e a curiosidade daquele corpo.
Os pés, vamos falar deles, aqueles pequenos ou nem tão pequenos membros inferiores, responsáveis pela locomoção, esse par deles em especial, se movia agora, num ritmo constante, o que claramente demonstra obstinação, ela notou isso... E corou.
Diante dela, as palavras, até então claras, foram se esvaindo de sua cabeça, ou se fantasiando em imagens indecifráveis, até restar apenas um:
- Oi! Er... Como vai?
Bobo isso, mas ela gostou, o nervosismo apresentado pelo rapaz, a fez sentir-se importante. E respondeu:
- Oi! Tudo bem... E você? - Sorridente, tão sorridente.
Ainda mais bobo.
Ali, as coias mudaram para ambos, ali, o coração dela se encheu, ali, ele abriu mão de muita coisa.
É tão simples o nascimento do amor, que passa desapercebido!
Ela teve bons sonhos naquela noite!